Jesus como Mestre II
Jesus é o mestre
“Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.” João 13:13
“E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus.” Mateus 19:17
Milhões de pessoas em todos os lugares já descobriram Jesus. Isso é ótimo. É uma beleza. Porém, o observam em expressões ou óticas diferenciadas, cada qual segundo o contexto evolucional em que se encontra. Um o define como santo, para outro Ele é o salvador, para um terceiro é um filósofo, mais à frente é visto como um místico, adiante como o sábio por excelência, como um revolucionário, um guru e por aí vai.
Mas de uma coisa não dá para discordar: até hoje Ele é considerado mais médico do que mestre. Na maioria das vezes, o consideramos como sendo aquela criatura colocada à nossa frente para sanar a nossa dificuldade e o nosso desconforto.
E afinal, como o Divino Carpinteiro se apresentou no cenário terrestre? Como mestre! Alguém tem dúvida? Foi dessa forma que Ele mesmo se definiu. E não abriu mão disso. Aliás, este foi o único título com que se adornou, e nenhum outro: “Vós me chamais mestre e senhor, e dizeis bem, porque eu o sou” (João 13:13). Em certa ocasião, quando o chamaram bom, retrucou: “Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus”. (Mateus 19:17) Em outra situação, quando o definiram rei, repeliu de forma imediata. Declarou que o seu reino não é deste mundo.
Conclusão: apenas quis ser mestre, e disso fez toda questão. Por se definir Mestre, teve discípulos e ocupou-se de ensiná-los. Advertiu-lhes que só a Ele o considerassem como tal e que a ninguém mais fosse concedida essa prerrogativa. Para não deixar dúvida, suas mensagens e ensinamentos não se basearam em ponto de vista, mas em um trabalho sedimentado pela cartilha prática. Não apenas falava, falava e demonstrava. Sua didática foi a do exemplo. Ao lado da teoria fez seguir a ação.
Jesus é o educador. Ampliar conhecimento é a sua tarefa. Responde ao nosso apelo por ajuda e orientação quando se trata do melhor caminho para o destino que o nosso coração busca. Da mesma forma que cada um de nós conhece caminhos seguros e confiáveis para determinadas direções, pelos quais já passamos tantas vezes, Ele conhece, como ninguém, a estrada adequada para as nossas esperanças desapontadas e ambições frustradas. Só Ele tem a capacidade de nos orientar com segurança e firmeza e auxiliar-nos, de forma efetiva, na caminhada rumo à vida mais abrangente.
O que precisamos é deixar a antiga concepção que nutrimos de que os núcleos do evangelho, sejam igrejas, templos ou grupos espíritas são hospitais, para passar a enxergá-los sob a ótica diferenciada de escolas da alma, que efetivamente são.
Expressão máxima e essência
Quando o analisamos no seu sentido histórico, como o Senhor, a Videira Verdadeira, o Pão da Vida, a Luz do mundo e assim por diante até parece uma coisa fácil. Agora, falar na essencialidade dele é que é difícil. Coisa que, por sinal, nós não temos a menor pretensão de fazer. Não há a mínima possibilidade de querer avaliá-lo porque sequer temos capacidade para isso. Quem você conhece, em sã consciência, que possui alguma condição de saber até onde chega a estrutura de Jesus?
Recursos humanos seriam insuficientes para revelar a grandeza infinita do seu conteúdo. Prova disso, é que não deixou ao mundo um compêndio de princípios escritos por suas próprias mãos. Não escreveu o evangelho e não podia escrever, por não caber escrita nele no sentido de uma filosofia por fora e tratar-se uma realidade por dentro. Trouxe-nos a essência do amor, por isso foi preciso que outros escrevessem.
E continua a sua missão
Sabe aquela passagem do evangelho em que João Batista, quando preso e por intermédio de seus emissários, pergunta a Jesus se Ele era aquele que haveria de vir ou se deveriam esperar outro? Lembra da resposta de Jesus? Disse aos enviados que retornassem e anunciassem a João o que viram e ouviram, ou seja, que os cegos viam, os surdos ouviam, os coxos andavam e os leprosos eram limpos.
Esse é o anúncio que continuamos fazendo à nossa razão. Afinal, quem são os cegos, os surdos, os coxos e os leprosos que o evangelho referencia? Você tem dúvida de que somos nós? E o que tem acontecido com a chegada do conhecimento espiritual que nos visita o entendimento? Estamos enxergando melhor a realidade da vida (e vamos continuar melhorando a nossa visão), estamos ouvindo melhor e identificando com mais propriedade os chamados sutis, estamos nos desonerando das chagas íntimas que vêm nos aprisionando aos campos menos felizes da retaguarda, estamos nos movimentando melhor (e vamos continuar com naturalidade o processo).
O que estamos falando é tão importante, que alguma vez você já parou para pensar que os lunáticos, os cegos, os paralíticos, os leprosos, enfim, os doentes de toda ordem curados àquele tempo pelo Cristo, segundo as narrativas apostólicas, voltaram mais tarde a se enfermar e a morrer? É que o Mestre Divino não veio à Terra somente para religar ossos quebrados ou reavivar órgãos fragilizados e adoecidos. Acima de tudo, veio para descerrar horizontes libertadores e visava não apenas o socorro às necessidades de superfície, mas a solução dos problemas da vida eterna.
Pense comigo: o maior milagre de Jesus, e que verdadeiramente atesta a sua superioridade, foi a alteração que os seus ensinos produziram no mundo. Ao tempo em que surgiu, o evangelho era conhecido como “boa nova”, que significa “boas notícias”. Essa denominação era dada por tratar-se de notícias inovadoras acerca da chegada do messias e de uma nova era que se abria para a humanidade. Ele ensinou às criaturas terrestres as mais claras visões da vida imortal.
O assunto é muito bonito e profundo e a missão do evangelho é infinitamente mais bela e extensa do que se pode imaginar. Não se assuste com o que eu vou dizer, mas os prodígios ocultos operados no silêncio do amor de Jesus hoje são maiores que os verificados ontem. Agora, eu estou me referindo ao Jesus histórico ou ao Jesus interior? Isto é o que nós não podemos perder de vista. É lógico que é o interior.
Você acha que o Mestre habita uma esfera inacessível ao pensamento dos homens? De forma alguma. Não é possível imaginá-lo habitando uma região isolada do sofrimento humano. Antes de conhecermos o mal dos outros que nos aflige, Ele conhecia o nosso mal e sofria pelos nossos erros. Não nos abandonou e não ia querer deixar-nos entregues à nossa própria indigência. O Cristo não está fora do mundo.
Do plano espiritual, e com a consciência do que estamos vivendo hoje, vela incessantemente pelo orbe e pelos seus destinos. Continua trabalhando incessantemente, derramando bênçãos todos os dias. Continua a sua missão suprema de revelar Deus aos homens e de conduzir os homens, gradativamente, a Deus.
O Excelso amigo, além de nos garantir segurança oferece-nos lição preciosa, convocando todos os corações à vida mais alta e aguardando a ressonância de cada qual.
Logo, vamos saber prosseguir a nossa jornada e operar com simplicidade. Porque enquanto não houver de nossa parte aquela simplicidade que vigorava nos primeiros tempos do surgimento do evangelho, nós ficamos trabalhando meramente ao toque da linha racional e não valorizamos os seus preceitos eternos e libertadores.