Ir e seguir pelo caminho
Imperiosidade
“E Jesus lhe disse: vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.” Marcos 10:52
Por todos os locais onde Jesus deixou o sinal de sua passagem, sempre houve grande movimentação de seres humanos no que se refere ao ato de levantar e seguir.
Caminham e avançam aqueles que estabelecem ideais sólidos e princípios edificantes. Os outros ficam no meio termo e a grande massa permanece retida aos interesses humanos, por falta de conhecimento e de uma marca decisiva no campo interior.
“Vai” é verbo no imperativo, o que denota a necessidade de uma ação positiva. Mostra que há uma dinâmica no centro de tudo, um caminho a seguir e um trabalho a fazer. Então, não tem desculpa. O importante é ir, avançar, prosseguir, continuar, pondo em prática o que se aprende. Quem está com Jesus não pode estacionar.
Na hora que a oportunidade aparece e a luzinha acende, se o negócio está pesado, o joelho não está bom, com dor ou sem dor, feliz ou aborrecido, tropeçando, encostando ou uma série de outras coisas, não dá pra parar o passo. É preciso ir. Eu não estou pregando a tônica do sofrimento. Apenas dizendo que quem deve tem que respaldar.
Tudo bem, Marco Antônio, mas e quem não quiser ir? Uma hora vai ter que ir. Uma hora vai ter que andar. Quem não segue vai ser trabalhado mais à frente, mesmo que inicialmente de forma constrangida. E andar pelo trilho certo e pela rota adequada.
Tua fé te salvou
Jesus fez questão de mencionar a grandeza da fé do cego. Uma fé que o fez acreditar nos que lhe haviam falado nele (queria ver o Mestre por ter antes ouvido falar), perseverar em seu propósito (mesmo diante das dificuldades que surgiram), nutrir uma confiança crescente (apesar da repreensão da multidão), lançar a sua capa, levantar, apresentar-se em sua indigência e obedecer as instruções que recebeu.
E nós, até onde estamos dispostos a ir? Precisamos aprender a movimentar nossas mínimas reservas de energia e bom ânimo e colocá-las a serviço da nossa melhoria. Porque a cura, como nada na vida, veio de graça. Resultou de uma série de fatores.
Com Jesus somos realmente capazes de ver. E toda pessoa, mesmo com limitações, não só pode como deve procurar se desenvolver. Mas para avançar é preciso persistir. Não dá para entregar os pontos, parar no meio do caminho, alegar que cansou, desistiu, que os problemas são muitos e a carga está pesada.
A fé o salvou. Não uma fé inerte, preguiçosa, acomodada no desejo ou na esperança. Aliás, bastou identificar a presença do Cristo para colocá-la em ação. Reconhecendo-se necessitado suplicou auxílio, demonstrando humildade, e foi a humildade que o tornou apto a receber. Percebeu? O reconhecimento é a base do progresso. Para alguém se fortalecer, antes tem que reconhecer que é fraco, bem como o doente, para entrar no caminho do restabelecimento tem que admitir sua doença.
Vai
Ocasionalmente, com a solução um pouco à frente nós desistimos, e o lance é não desistir.
Vai! Não se trata apenas de uma conotação ou predisposição mental. O verbo ir pressupõe movimento e movimento exige ação. Podemos até gemer um pouco, mas temos que nos levantar, sorrir e seguir em frente na busca da edificação. Caminhar vencendo obstáculos e transformando as dificuldades e dores em degraus de ascensão.
Com toda a sinceridade, não importa quantos passos você deixou de dar ou andou para trás. O importante é quantos vai dar à partir de agora. Então, aprume o corpo que você vai dar conta. E ainda vai notar que ao longo do trajeto a ajuda aparece.
Seguiu a Jesus pelo caminho
Como estava o cego antes de Jesus? E como passa a estar depois desse contato?
A criatura que estuda aproxima-se da verdade e, consequentemente, afasta-se dos erros. E a primeira coisa que ocorre quando se começa a ver é o processo aplicativo. Sabia disso? Ver define aplicabilidade. Tanto define aplicabilidade, que após ver ele não ficou assentado à beira do caminho. O evangelho é claro ao afirmar que seguiu Jesus.
Temos que aplicar corretamente, porque muitos passam a ver e acabam não aproveitando. Pense comigo, quantos benefícios recebemos ao longo da caminhada e não apropriamos adequadamente? Não é verdade? Simplesmente perdemos a chance.
Ficou definido que o cego à beira do caminho estava saturado da vida que levava, e queria ver. Sabe por quê? Porque ele podia continuar lá, ou podia ter ido embora. Mas não. Seguiu Jesus pelo caminho, que é a resposta de quem se desperta espiritualmente.
Está conseguindo acompanhar? Seguiu porque viu com propriedade. Modificado, não permaneceu à margem como mendigo da evolução, apenas pedindo e esperando receber, e sim integrado à dinâmica da própria vida, como cooperador na distribuição de recursos e pronto a viver as lições que recebeu, onde e como quer que estivesse.
Prosseguir com o Cristo é acompanhar-lhe as pegadas, aplicando o que se aprende.
A pergunta surge: O que fazer da nossa cura? O que fazer da nossa crença? O que fazer depois do pagamento da dívida? O que fazer com o que aprendemos? Porque se bobear a criatura, ao melhorar, nem chega em casa e já está propensa a novos erros, aos mesmos vícios, às mesmas falhas. Porque recebeu e não apropriou, recebeu e não trabalhou o aspecto íntimo da mudança, vivenciou e não se reeducou.
Num primeiro lance, Jesus aplica uma terapia e o que era cego sai vendo. Agora, o importante da cura não é apenas a criatura entender que passa a ver pela sua visão que clareia, mas ter uma compreensão profunda dos motivos que o tornaram cego, e estabelecer um plano de conduta capaz de manter-lhe a visão em termos de eternidade.
E a conclusão não pode ser outra: todo aquele que enxerga o sentido ampliado da vida segue Jesus, com a alegria de amar e o prazer de servir.