A verdade vos libertará – Parte 15

A conversão II

A grande dificuldade

Nós não temos mais que falar em conversão propriamente dita, mas no processo do fazer (ou tornar-se). Porque existem duas fases: a da adesão (que equivale ao converter-se) e a do tornar-se. Logo, não basta converter-se, é preciso tornar-se, e neste está a realização dos ideais intrínsecos que cultivamos no coração. Ele consiste na capacidade de integração e consequente manifestação da proposta nova.

Pense comigo. Mudar a linha mental é algo que podemos conseguir com certa dose de interesse e utilização de algum esforço próprio. Todavia, é no fazer que está o problema. A nossa grande dificuldade está no tornar-se. É aí que a coisa complica.

Se a conversão é atitude íntima na esfera mental, o tornar-se, pela mudança, é o desafio maior. É por essa razão que estamos envoltos em tantas dificuldades nos dias de hoje. É por isso que estamos passando por momentos bem aflitivos. Não estamos sabendo viver adequadamente essa etapa. Sabe o que nos tem faltado? Persistência.

Basta alguém falar conosco uma frase inoportuna pelo telefone e, se bobear, a gente encerra a chamada no ouvido dela. Não acontece? Quantas vezes a gente não tem vontade de fazer isto? Quantas vezes não perdemos a paciência por causa de coisa tão pequena? E sabe por que? Porque ficamos presos à convenção fechada de autovalorização pessoal. Tem faltado continuidade exatamente nessa linha do tornar-se, e tornar-se é sair da vibração que nos prende ao passado para irmos em frente.

Só que não dá mais pra correr da raia. Queiramos ou não, somos espíritos inscritos e admitidos no terreno de auxílio e cooperação para consolidar nossa transformação. Sabendo que entre o chamado de lá e a nossa aceitação de cá, de forma espontânea, existe um caminho que nos compete cultivar nos territórios da esperança.

Pressa e euforia

O assunto que estamos tratando é profundo e de grande relevância. Muitos acham que a conversão, dentro do plano espiritual religioso, representa mudança de imediato. Só que ela não significa apenas abraçar esse ou aquele credo, tão pouco filiar-se a certa igreja aceitando determinado corpo de doutrina. Alguém pode tornar-se crente na acepção comum que a gente conhece sem que realize uma efetiva conversão.

Essa coisa de falar “que vou seguir essa regra” já era. Está ultrapassado. A ideia de alteração no sentido exterior nós já estamos cansados de fazer. Estamos tarimbados, e não tem dado certo. Não tem modificado a nossa vida de uma forma substancial.

Tem gente que se associa a determinada filosofia religiosa e quer partir logo para a realização de tarefas. Não que isso seja errado, mas as experiências mostram que muitos casos em que o indivíduo se levanta e diz “deixa comigo que eu faço”, ele solta uma conversa, faz votos de promessa e costuma não passar da segunda semana.

Isso acontece demais. Assumiu o compromisso com muita vontade. Fez uma vez, duas vezes, três vezes e cadê fulano? Teve que fazer uma viagem, resolveu dar um tempo, alegou isso, alegou aquilo, ou nem deu notícias mais. Apenas parou de fazer.

Vamos ser sinceros, de gente convertida para Jesus o planeta está cheio. É o que não falta.

Pela simples simpatia a um plano filosófico, é comum muitos encherem o pulmão e dizer: “eu creio”! Só que poucos podem declarar “eu estou realmente transformado”. Percebeu? Muita gente acha que está convertida, mas no fundo não está.

Considerável número de pessoas nas mais diversas linhas religiosas estão operando sistematicamente dentro dos respectivos núcleos, sem terem se convertido interiormente para a grande mudança. Tem conhecimento substancial do evangelho, são pessoas íntegras, estudiosas, interessadas e resolutas, todavia estão fazendo antes de se converterem. Em tantas situações, estão querendo ir em frente antes de sedimentarem o conhecimento recebido. Ou seja, apressados, querem dar antes de possuir.          

Entra semana, sai semana, entra ano, sai ano, ressurgem promessas novas e planos de serviço. Basta o primeiro embate com as necessidades reais do trabalho e reduzido número permanece fiel. Conclusão: nas horas calmas, muito entusiasmo e grande louvores; nos momentos difíceis, pessoas distanciadas e disfarçadas deserções.

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