Conhecer para ajudar II
Conhecer para ajudar
Quando optamos por querer ajudar nós temos que ter um fundamento nessa ajuda. Do trabalho sem conhecimento costuma surgir muita coisa complicada. Tem gente que opera sem conhecer e, às vezes, sabe o que acontece? Cai em enrascadas.
Por uma carga emotiva distorcida, muitos, e nós também nos incluímos, costumam se arrepender de coisas que fizeram para tirar os obstáculos de alguém. E avaliam depois se o indivíduo não deveria ter permanecido naquela situação mais um pouquinho de tempo. Mas precipitou porquê? O que faltava na época? Uma visão mais aprofundada.
Sabe por que a maioria dos complicados, dos sofridos e dos desajustados estão em posição difícil? Porque elegeram de maneira determinante, e quase sempre sem pensar, o direito de ser feliz. Elegeram um método de forma fechada. Fixaram um objetivo e simplesmente foram em cima dele, sem planejamento, na base do custe o que custar.
Cada pessoa que é instrumento do nosso auxílio encontra-se em condições diferenciadas dentro das suas propostas reeducacionais, o que vai nos exigir a utilização de razão e sentimento em uma visão nem pessimista e nem otimista de forma exagerada, de modo a podermos compreender, saber no fundo o que está acontecendo ali.
Pode acontecer de visualizarmos o caminho por um ponto e ter ângulos outros que não temos acesso ou não percebemos. Por isso, é preciso consultar a linha racional para não ficarmos suscetíveis a envolvimentos emocionais e não precipitarmos as respostas da lei.
Está dando para acompanhar? A questão é simples. Como nós vamos poder trabalhar como instrumentos da misericórdia, num processo de melhoramento de um contexto, se não temos essa visão de relatividade perceptiva e operacional de cada pessoa? Continuamente iremos bater nessa tecla: até para compreender e auxiliar é necessário conhecer. É imperiosa a instrução para mantermos a consciência do que estamos fazendo.
Não dá para ajudar os outros e avançar no plano operacional da dinâmica divina sem estudar e interessar-se num progresso dessa ordem. Não tem jeito. O conhecimento nos propicia uma ótica mais dilatada, oferecendo-nos a segurança e a convicção.
Conhecimento da lei divina
É imperioso adequarmos, de forma sintonizada, dois verbos: o dar e o saber.
Sem mergulharmos no plano do conhecimento nós vamos ser apenas religiosos, mas não cooperadores efetivos. Do tipo que tem boa vontade, ótima intenção, no entanto é apenas cheio de sentimento. Sem contar que o verdadeiro cooperador apresenta, entre várias coisas, uma profunda capacidade de análise.
Outro fator interessante é que nos terrenos da cooperação quanto mais a gente aprende mais se abrem nossos ângulos de sensibilização. E quanto mais valores tivermos em nossas mãos, quanto mais conhecimento, mais podemos ponderar quanto a ação em favor do semelhante. Para que, na melhor das intenções, no exercício da caridade, não venhamos a torpedear o encaminhamento natural da evolução de quem quer que seja.
O que acontece demais é que voltados à linha imediatista costumamos apresentar um interesse e uma visão centrados no agora. No entanto, a misericórdia do alto visualiza tudo sob uma ótica que envolve o ontem e o amanhã, a curto, médio e longo prazo.
Não é tão fácil agir em nome do criador como instrumento útil dele. O evangelho ensina que quem se predispõe a auxiliar tem que estudar mesmo. Não tem outro jeito. Precisa saber observar a marcha dos acontecimentos, com abrangência de passado e futuro, conhecer as leis divinas e saber identificar o terreno das causas. Sem essa percepção não é possível identificar a carência da pessoa, muito menos auxiliá-la com eficiência.
Eu não sei se você já percebeu, mas em tantas situações a resolução do problema do semelhante, sob a nossa percepção, significa a quebra da oportunidade sob a ótica divina para esse filho do criador.
Aquele que faz luz consegue ajudar mais profundamente o necessitado. Ao passo em que avança em conhecimento, sua autenticidade abre possibilidades maiores de ação, maior intercessão pode fazer e melhor pode interceder. Porque isso cria liberdade e amplitude do seu campo de análise. Logo, mais ajuda aquele que mais pode.
Conclusão
Agindo com prudência nós progredimos. Nossa mente passa a alcançar novos parâmetros e fica cada vez mais elástica e ampliada. E o que é bonito: com equilíbrio e inteligência nosso amor, por menor que seja, vai alcançando a moldura de sabedoria. E o nosso esforço, realizando todas as ações benéficas ao nosso alcance, começa a traduzir a vontade superior.
Importante, também, é conhecer nossas provisões, saber o amor que temos para operar. Isso nos mostra até onde podemos ir. Sabendo analisar os quadros que se apresentam, tudo fica mais fácil. Fica melhor até para definir se o indivíduo que se apresenta está preparado ou não para receber auxílio. E se estiver, até onde nós devemos ir.