A prova afere II
A aferição
Sem a prova, que atua de fora para dentro, não há progresso. Ela equivale à demonstração evidente e atesta a veracidade ou autenticidade de alguma coisa. A isso chamamos aferição. Daí, as provas existem para aferir valores e aperfeiçoar talentos.
Instrumento indispensável para a entrada na regeneração, a aferição faz a verificação, a constatação, bate o carimbo da aprovação e nos coloca em uma nova etapa. Vem medir os valores conquistados, o grau de investimento e os padrões que cada espírito acumulou em si próprio.
Consiste em saber se estamos aptos a passar para a fase seguinte. Define se aquilo é ou não é, se realmente nos interessamos pelo valor recebido ou se não passa de ilusão. É por meio dela que temos a avaliação das nossas legítimas disposições.
Cada um de nós, na medida em que vai crescendo, vai tendo essas aferições. O teste é alguma coisa que tem que ser vivenciado. A cada instante, situações, circunstâncias e pessoas surgem em nossa órbita como elementos aferidores ou principiantes de uma condição diferente, apontando territórios para o nosso crescimento.
O desafio superado possibilita a gravação em nós dos padrões para além do nível propriamente informativo. Razão pela qual somos aferidos pelo grau de conhecimento que temos, e de forma alguma existe conquista sem esse processo de aferição.
As grandes conquistas
Se você fizer uma análise, provavelmente irá notar que os momentos mais positivos, ou grande parte das suas vitórias nesta vida, foi em meio ao sufoco ou em cima de alguns aspectos de sacrifício. Não foi? De alguns aspectos, assim, até de preocupação para você. Porque ninguém aprende sentadinho na cadeira, na rotina.
O processo
Imagine um indivíduo nervoso, do tipo que perde a paciência fácil e se estressa com a mínima circunstância adversa. Qualquer contrariedade, por menor que seja, já é motivo suficiente para ficar irritado. Ele é assim faz tempo e o quadro não melhora.
Um dia ele se cansa. Custou a aprender que suas explosões o prejudicaram e fizeram perder ótimas oportunidades ao longo dos anos. Chega. Decidiu mudar. Quer se tornar uma pessoa mais calma, tolerante, agradável e simpática. O que ele faz? Começa a ler e aprender a respeito da paciência, com a finalidade de assimilar conhecimentos para uma vida mais harmônica.
Todavia, para incorporar o valor da instrução ele vai ter que atestar essa nova conduta na prática. Vai ter que aplicar. Ficou claro? Ou seja, para que o padrão assimilado informativamente se torne concreto em sua personalidade ele vai ter que provar.
E diante de quem você acha que ele vai ter que dar a prova da conquista da paciência? Convivendo ao lado de que tipo de pessoas? De monges acostumados à meditação? De pessoas altamente esclarecidas e espiritualizadas? Com certeza, não. Provavelmente, ao lado de pessoas que são tão ou mais impacientes do que ele era antes de querer mudar. E é aí que começa a luta por aquilo que ele aprendeu. É nessa etapa que ele vai ter que enfrentar as suas feras íntimas na busca da reeducação.
Dificuldades é que nos fazem crescer
Guarde o seguinte: na sequência de qualquer aprendizado o tempo espera a oportunidade de podermos vivenciar de maneira efetiva o ensino. O que equivale a dizer que somos desafiados depois que o conhecimento nos visita. E não estamos nos referindo a sermos desafiados uma vez ou outra, ocasionalmente. É sempre.
Se estamos fazendo luz em nós, ou se queremos crescer em algum segmento da vida, seja ele qual for, preparemo-nos! Não é para nos assustar, mas o momento de aferição é difícil. Ao falarmos em prova, qual a primeira coisa que nos vem à cabeça? Não é escola? Por associação, se existe prova é evidente que tem dificuldade.
Se a escola é fraca a exigência é menor, se a escola é apertada a exigência é maior. Mas o importante é entender que independente de ser fraca ou não, somos testados em certos acontecimentos e todo teste vem em meio a determinado grau de dificuldade.
Diante disso, a pergunta que fazemos é: dá pra fugir? Nosso desejo é tirar tudo que é complicação do caminho fora, mas não dá para tirar a dificuldade da vida. Não tem jeito. Um aluno consegue passar para o estágio seguinte sem o desafio da prova?
Em muitas ocasiões, o negócio é evoluir na confusão. É por aí que chegamos a novos patamares. Muitas pessoas querem viver sem dificuldade, mas ela é elemento inerente ao crescimento. Ingrediente didático de aperfeiçoamento e projeção de todos nós, como evoluir sem ela? Portanto, não espere viver sem problemas.
Não fosse por eles, nós não teríamos saído do lugar. Pense nisso, e vamos reclamar menos das adversidades.
Não progredimos sem desafios. Por enquanto, na nossa jornada os obstáculos são fatores que nos impulsionam. Fazem o papel de criar o processo de transição e aferição. São eles que nos dão autoridade de ação diante das circunstâncias que chegam.
O progresso é uma lei universal. E tendo o homem que progredir, os desafios no seu caminho são estimulantes para o exercício de sua inteligência e faculdades, físicas e morais, incitando-o a procurar os meios de os solucionar. Se eles não surgissem nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor. Como resultado, o espírito paralisaria na inatividade, nada inventaria ou criaria, nada descobriria e não evoluiria.
São as dificuldades e os atritos da marcha que fazem com que as pessoas se apurem, iluminem e busquem melhorar. Para se ter ideia, o que levou o indivíduo a fabricar o guarda-chuva, senão o fato de tomar incansavelmente tanta chuva na cabeça?
Sem obstáculos ninguém adquire experiência. O problema difícil que surge, ao nosso lado ou à distância de nós, tem a finalidade de enriquecer nossa experiência, habilitando-nos à solução dos mais intrincados enigmas da jornada. As provas exercitam nosso raciocínio, tanto quanto aprimoram a paciência e a resignação. Por isso, qualquer obstáculo é sempre um componente enriquecedor da mente.
O que tem acontecido com muitos de nós, diante da necessidade de sairmos dos problemas, é que redimensionamos conceitos, pensamos melhor e mudamos posturas. A prova tortura e tantas vezes aborrece. No entanto, nela temos uma legítima produtora de elevação e capacidade, sem a qual é impossível a aprendizagem.
Se você está passando por alguma crise ou contrariedade contundente, suavize o coração. Porque a crise determina o futuro, e para passar bem por ela é preciso equilíbrio.