Começando a estudar o evangelho – Parte 1

Religião I

Esclarecimento inicial

Se durante uma conversa, com alguém ou um grupo, em que são abordadas questões acerca da complexidade da vida e dos problemas que afligem as pessoas na sua quase totalidade, você menciona a palavra evangelho, corre o risco de ser interpelado na hora:

– Evangelho? Com tantas coisas importantes na minha cabeça, tantas preocupações e problemas pra resolver e você vem me falar de evangelho?

Sim, algumas pessoas realmente dizem isto e não necessariamente por culpa delas. É que para a maioria ele não é um assunto importante. Aliás, acham que evangelho é religião. Pensam nele e a relação com esta se dá quase que automaticamente.

O que vamos tentar fazer, se você der chance, é mostrar que a coisa não é assim. Que o evangelho já transpôs, faz tempo, os muros das igrejas para entrar nos terrenos íntimos do ser e já deixou de ser assunto de religião para se tornar uma cartilha de vida. Isso é algo tão interessante que a própria questão da espiritualidade, tão abordada e delineada em diversas frentes, não é mais trabalhada como um tema de natureza religiosa.

Também não estamos aqui para delinear regrinhas de vida. Aliás, não temos nenhum tipo de pretensão. Nossa presença visa apenas identificar componentes e esclarecer conceitos que, devidamente aplicados, são capazes de instituir uma linha clara de vivência. O objetivo é estudar o evangelho para ver se melhoramos a caminhada.

E nem de longe queremos definir a melhor maneira de estudá-lo. Seria um objetivo desarrazoado, para não dizer absurdo, dizer que vamos ensinar alguém a fazê-lo. Não somos loucos pra isso. Porque quando o assunto é evangelho e padrões de natureza moral dificilmente se encontra alguém com autoridade suficiente para dizer que vai ensinar alguma coisa. Por outro lado, vamos expor aspectos que não devem passar desapercebidos e que podem, inclusive, nos auxiliar no trabalho interpretativo.

Este estudo não se direciona a um grupo específico de indivíduos. Abrange uma gama extensa. Se você não conhece nada do assunto e é iniciante poderá, e tenho certeza que conseguirá, aprender muita coisa. Se já é estudioso, independente da escola religiosa e do nível de conhecimento, também poderá se beneficiar aprofundando mais. O importante será se ao longo dele nós conseguirmos apreender, de certa forma juntos, alguma fração de valor capaz de nos ajudar a obter um estado de vida mais harmônico e mais feliz.

O surgimento da religião e suas divisões

Com a finalidade de preservar os seres humanos dos perigos na longa jornada evolutiva, o que Deus fez? Direcionou a luz do conhecimento superior de modo a acordá-los para a vida imortal. Sua Misericórdia confiou à religião a tarefa de cuidar do desenvolvimento das almas, propiciando-lhes abençoadas luzes para a viagem de ascensão.

Assim, a tarefa religiosa chegou às civilizações do mundo trazendo orientação espiritual. Nasceu da necessidade imperiosa de higiene íntima, traçando diretrizes elevadas de sustentação psíquica. E na inquietação que lhes é característica, o que os homens fizeram? Dividiram-se em numerosas religiões, de modo que em todos os cantos do planeta cada individualidade enquadra a sua vida mental a um determinado tipo de interpretação religiosa, reverenciando o Supremo Criador através do modo que supõe ser o mais digno. E nas extensas subdivisões do eterno santuário comparecem as criaturas nos mais diferentes graus de percepção e compreensão das verdades sublimes.

Luta por hegemonia e frieza

Verdade seja dita: as religiões sempre foram usadas como instrumento de dominação.

Mediante interpretações individualistas e exclusivistas, cada uma estabeleceu a seu modo pontos de fé contraditórios criando cultos, definindo regras e deveres para honrar a Deus, com que adquiriram poder sobre a multidão. E o antagonismo entre elas permanece, tendo cada uma o seu deus particular e a pretensão de que este é o único verdadeiro e mais poderoso, o que instaura discórdias veladas e desvirtua o verdadeiro espírito de fé e fraternidade que deveria prevalecer no íntimo dos seus seguidores.

Para se ter ideia, o indivíduo sente que é ouvido, que começa a atrair a atenção e sensibilizar um grupo de pessoas, tem qualquer ideia e logo pensa: “Essa igreja que eu estou não serve mais, aquela outra também não serve. Quer saber? Eu vou é criar a minha!” E cria. E faz discursos maravilhosos e eloquentes, inclusive provando que o evangelho concorda com o que ele está querendo. Isso sem contar que existem aqueles que fazem de Jesus um trampolim para realizar o que bem entendem, transformando a religião em palco de suas paixões e explorando-a em proveito próprio. Por isso há tantas religiões por aí, cada uma pretendendo ter a posse exclusiva da verdade.

4 comentários em “Começando a estudar o evangelho – Parte 1”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *