Religiosidade
Vazio e padecimentos
O mundo nunca teve tantas religiões. Mas por outro lado, o mundo também nunca foi tão materialista.
As religiões continuam satisfazendo a grande massa, que com muito custo consegue abrir o entendimento às realidades maiores. O que esta deseja mesmo é solucionar seus problemas imediatos e receber do plano espiritual sugestões diretas que as proporcione uma vitória fácil.
E grande número dos padecimentos que afligem as pessoas atualmente se deve exatamente à falta de educação religiosa. Não me refiro àquela que vem do sacerdócio ou que parte da boca de uma criatura para os ouvidos de outra e, sim, aquela íntima e profunda que o homem sistematicamente insiste em negar a si mesmo.
Religião é estado de alma
O evangelho nos ensina que a religião pura, que proporciona o crescimento da alma e a projeta pela renovação interior, é algo bem diferente do que temos conhecido. Esta expressa-se antes de tudo pela condição moral. É um estado intrínseco, razão pela qual vez por outra nos deparamos com pessoas que se dizem descrentes fazendo muito mais pelos semelhantes do que aquelas que rezam o dia inteiro.
É só a gente pensar: a religião não deve representar a expressão máxima da verdade? Então, deve ser compreendida como o sentimento divino que clarifica o caminho, e que cada espírito aprenderá individualmente na pauta do seu nível evolutivo.
Conhecimento espiritual não é apenas para nos proporcionar o entendimento disso ou daquilo. Mais do que isso, é um componente que nos dá a condição de viver em função dele mediante um processo de vida aceito e incorporado em nós. Em suma, ele demonstra o que somos, mostra se o que estamos fazendo tem alguma parcela de amor. É algo tão importante que nos oferece recursos para encontrarmos a harmonia íntima e edificarmos a nossa própria felicidade. Uma felicidade completa, para além da que apenas oferece o bem estar físico ou o conforto de fora para dentro.
Sendo assim, não basta mantermos aceso o ideal superior e a sintonia com os padrões elevados.
Por traduzir religamento com o Criador, o fundamental é voltarmos nosso coração a Deus. Agora, só há uma maneira de direcionarmos nosso coração a Deus, e sabe qual? Vivendo esse amor na prática. De que forma? Abastecendo-nos dos padrões informativos e, ao mesmo tempo, esforçando-nos para exteriorizar o que aprendemos na forma de carinho para com nossos semelhantes, todos eles, sem qualquer distinção, estejam mais próximos ou mais distantes de nós. Este é o grande segredo.
É tarefa fácil? Não. Exige luta e aprimoramento constante. Todavia, quem realmente aceita o evangelho tem que se esforçar para viver o que aprende, tem que lhe refletir a beleza nos mínimos gestos. Quem pretende a felicidade real não deve esquecer de consultar os padrões do bem com o Cristo em todos os momentos da vida.
A religião define a forma como vivemos e tem que se manifestar em tudo na nossa existência. Alicerçada na busca da santificação, na caridade incessante e na tranquilidade da consciência, sintetiza a nossa prática de vida a cada momento, inclusive nas coisas mais simples do dia. Está na maneira como nos relacionamos com as pessoas que transitam em nossa órbita, na forma como lidamos com as nossas dificuldades, como tratamos os animais e as plantas, no cuidado que mantemos com o nosso corpo, as nossas coisas e as coisas dos outros, e daí por diante.
Religiosidade
Em vez de discussões veladas, que vez por outra surgem sobre a pretensa superioridade de uma religião em relação às outras, que não leva a nada, o que deve prevalecer é a capacidade maior ou menor do seguidor em viver os padrões que tem aprendido. E o amor vivido com base no conhecimento aprendido na religião vira religiosidade.
Logo, religião é uma coisa e religiosidade é outra. É como se a primeira fosse uma caixa e a segunda o conteúdo dentro dela. Muitos carregam a caixa pra lá e pra cá e a guardam, enquanto poucos se utilizam do seu conteúdo. E embora certas atitudes religiosas de superfície apresentem algum valor para determinadas pessoas em certos estágios da evolução, grande número delas não expressam o mínimo atestado de sublimação. E eu não quero desapontar você neste início, mas embora a religião seja auxílio prestimoso na caminhada, o que precisamos mesmo é de religiosidade.
Finalmente palavras que fazem sentido. Precisamos de RELIGIOSIDADE. É sobre isso.