Começando a estudar o evangelho – Parte 4

Vanguarda espiritual

Absurdos surgiram

O evangelho quando chegou operou completa renovação no entendimento das verdades divinas. E o espírito humano, devido à ignorância dos tempos remotos, se deixou levar desde a antiguidade por alegorias. Manteve-se absorvido e fascinado por dogmas inaceitáveis, teorias desconexas e ideias de toda sorte, muitas das quais não passam de fantasias extravagantes. Os séculos se sucederam e argumentos teológicos elaborados há milênios ainda obstruem os canais da inteligência quanto às realidades espirituais.

Escolas dogmáticas continuam expondo artigos de fé inoperantes e congelando a mente em coisas absurdas. E multidões incontáveis por todos os lados, supostamente religiosas, seguem conduzidas como se fossem sonâmbulos inconscientes, confusos e perdidos na estrada evolutiva, trazendo conceitos distorcidos e a mera tradição sem sentido.

Estagnadas em antigos princípios que gerenciam suas vidas, apegam-se nessas crenças mais por hábito do que por convicção. E não para por aí. Vez por outra surgem promessas descabidas e ritos sem sentido, favorecendo a permanência da ignorância e do vício.

Breve história da luz

O sol é o componente máximo de iluminação que vigora no planeta, certo? Não há outro. Nele estrutura-se a perfeita iluminação natural. Agora, você conhece alguns aspectos do caminho trilhado pela luz artificial, a trajetória da luz criada pelo homem? Vamos lá, então, fazer um breve resumo da questão, embora não sejamos especialistas no assunto?

Em tempos longínquos, nós tivemos o surgimento do candeeiro, instrumento no qual a luz se originava da queima do óleo produzido pela oliveira. Era a luz artificial surgindo de forma abrangente nos seus primeiros movimentos. A seguir, o lampião à base de querosene. Puxa vida, foi uma melhora considerável, só que não era uma luz totalmente límpida e, sim, relativamente difusa e acompanhada de odor e fumaça.

Depois surge o lampião à gás trazendo maior campo de iluminação. E com um detalhe: além de maior claridade uma luz inodora, ou seja, sem cheiro. Foi uma beleza. O gás passou a imperar como o rei dos sistemas de iluminação, até ser destronado e relegado a planos inferiores com a chegada da eletricidade que se tornou o sol das noites.

Trazendo vantagens indiscutíveis, a primeira lâmpada elétrica desenvolvida com sucesso por Thomas Edison surgiu em 1879. Era a lâmpada incandescente, constituída de um filamento dentro de um bulbo de vidro que se aquecia colocado no vácuo e em meio gasoso apropriado. Com o tempo, esse filamento se desgastava e rompia-se. Ela teve os seus melhoramentos, óbvio, até surgir as lâmpadas fluorescentes, que contém um invólucro translúcido de vidro transparente e eletrodos nas extremidades.

Hoje predomina uma tecnologia nova em plena expansão: as lâmpadas de LED (sigla de Diodo Emissor de Luz), que consistem em semicondutores capazes de converter a corrente elétrica em luz. De tamanho reduzido, alto desenvolvimento tecnológico e consumo bem menor de energia chegaram para substituir as lâmpadas incandescentes e fluorescentes que, por sua vez, ficaram obsoletas.

Inquirições

E por que fizemos esse relato? Para a gente analisar. Se em matéria de luz artificial temos tido sucessivo progresso, com sistemas e métodos mais avançados surgindo de tempos em tempos, o mesmo não deve ocorrer quando o assunto é a luz espiritual?

Se em se tratando da luz externa já deixamos, faz tempo, o azeite pelo petróleo, o petróleo pelo gás e o gás pela eletricidade, por que não fazer o mesmo em termos de iluminação íntima com os velhos e ultrapassados conceitos que herdamos e insistimos em cultivar?

Se já nos desapegamos dos candeeiros lá atrás, sem a mínima saudade deles, por que não nos desprendermos das superstições religiosas e dos rituais vazios, os quais vão sendo passados quase que automaticamente de geração em geração e mantemos sem questionamento algum?

O que estamos falando é tão relevante que existem religiões na qual os seus ministrantes ou educadores não podem ser questionados. Os valores por eles direcionados não podem ser inquiridos. De forma alguma. Você está doido? O seguidor tem apenas que aceitar de forma absoluta e silenciosa tudo o que lhe é transmitido. E não se assuste se o questionamento persistir e a resposta limitar-se a “isso é um mistério de Deus.”

Vanguarda

A grande massa sempre se contentou com os aspectos religiosos e ainda hoje as fórmulas exteriores e os conceitos arcaicos lhes satisfazem a razão. Para ela está ótimo, não precisa de mais nada. Porém, para um número menor de indivíduos que evoluem e amadurecem o discernimento, esses sistemas já deixaram de atender aos anseios da alma.

Em matéria de realidade espiritual estamos atrasados. A impressão é que passados milênios da chegada do evangelho permanecemos dando os primeiros passos.

Vamos ter em conta que nada é finalístico e tudo caminha para uma melhoria contínua. A humanidade inteira não segue se desenvolvendo em todas as áreas, seja tecnológica, científica, médica, industrial, automotiva, filosófica, enfim, em todos os segmentos? Afinal de contas, o progresso é uma lei no universo e a evolução jamais cessa.

Não podemos nos descuidar da iluminação íntima como se ela não fosse uma necessidade.

Essa coisa de tradição religiosa é do passado e não deveria ocupar a nossa mente mais. Para compreender Jesus é preciso romper a ignorância que trazemos de longa data e buscar conhecer o que é verdadeiro. Sair desse misticismo que vem nos atingindo ao longo dos séculos e entrar em um plano de bom senso e lógica. Já passou da hora de ficarmos caminhando com base em equívocos. Precisamos estar com nossas mentes abertas para rever conceitos e mudar ações, semelhante à neblina que se dissipa com a chegada do sol.

O que é o evangelho, senão o conjunto de verdades sublimes que se dirigem aos corações humanos? E é impossível penetrar-lhe a grandeza com a imperfeita faculdade de observação, ou recolher-lhe as águas puras com o vaso sujo de nossos raciocínios viciados. Jesus trouxe seus ensinos para que nossa análise não permanecesse fria e obscura.

Você já reparou que princípios convencionais, tidos por séculos como invioláveis, vez por outra desabam, fazendo com que a mente humana, perplexa, seja forçada a mudanças?

Em se tratando de espiritualidade a questão é a mesma. Quantos valores antigos foram impostos como artigos de fé, e tão logo evidências comprovaram o erro a igreja teve que se colocar ao lado destas, pois acima de qualquer ideia religiosa a lógica tem que prevalecer?

Se a religião acompanhasse o movimento progressivo do espírito humano não haveria incrédulos. Ela ganha quando segue o avanço das ideias e enfraquece quando os homens querem avançar e ela opta por ficar parada no mesmo ponto, sem ampliar conceitos, alargar horizontes e progredir. Enquanto a ciência e a inteligência avançam, algumas delas ficam para trás. Sem contar que Deus se apresenta muito maior e mais poderoso ao entendimento quando não lhe envolvem o nome em fatos de pura invenção.

A religião tem que satisfazer as aspirações do coração, do espírito e da razão. Em nenhum ponto pode ser desmentida pela ciência. Não deve ser exclusivista e intolerante e jamais admitir uma fé que não seja a racional. Felizmente, os homens esclarecidos, à medida que novos fatos e conhecimentos surgem, vão sabendo discernir e separar o que é real do que não passa de imaginação.

Estamos aqui sem maiores pretensões esforçando-nos para entender de forma clara o ensino de Jesus. Buscando assimilar a genuinidade do evangelho. Não daquele religioso, tido como código imposto de fora para dentro, mas do evangelho como um código de vida que efetivamente é. Nosso objetivo é trabalhar sua mensagem na intimidade e não mais nos sermões e pregações, embora isso exista e faça parte da vida de muita gente. Porque de religião já basta. As religiões estão fazendo a sua parte por aí, que é pregar para as massas.          

E quando dermos passos significativos nesse conhecimento passaremos, sem dúvida, a ser racionalmente e verdadeiramente religiosos.

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