Renovação II
Renovação é a base
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se faz novo.” II Coríntios 5:17
Não dá para pegar os caracteres recebidos, analisar racionalmente, jogá-los dentro da gente e esperar que frutifiquem por si mesmos. Não tem jeito. Não funciona assim. A assimilação do que se estuda não ocorre de forma mecânica de fora para dentro. Para que possam germinar e frutificar, tornando-se componentes capazes de alterar a intimidade, é preciso que exista uma expressão acolhedora de dentro pra fora.
É preciso uma atitude de aceitação e ressonância. Estarmos motivados por uma força, não externa, e sim que nasce em nosso íntimo.
É meio fora de propósito tentar incorporar o novo conteúdo somente com o uso do raciocínio.
Por outro lado, aprendendo a desenvolver os conteúdos e compreendendo o que as escrituras trazem, notamos que elas apresentam mais do que beleza na redação. Direcionam mensagens profundas na intimidade da letra convocando-nos à luta de elevação.
É só pensar na nossa proposta. Qual o objetivo do estudo? O que estamos querendo com ele? Não é nos renovar? Eu, particularmente, não tenho dúvida. E a renovação indispensável não é a do plano exterior. Não se dá pelos caracteres externos, mas pelo entendimento, com a mente elaborando nova luz e novas concepções.
O evangelho é para todos, porém só chega para os que estão elegendo um sistema novo. Tem muita gente por aí achando que o conhece, mas está longe de saber o que é um evangelho sentido e vivido, com potencial de alterar a estrutura intrínseca e recompor o destino. A gente já não ouviu que ele é o edifício de redenção das almas? E se é edifício tem que ser construído. Porque edifício não surge pronto, sugere construção. Tem que ser edificado passo a passo, tijolo a tijolo, bloco a bloco.
Embora prevaleça uma intenção sutil de querer subornar as forças divinas, não é ao preço de muitas missas, hinos cantados ou sessões psíquicas que se processa a aquisição da espiritualidade. Sabemos que toda prática edificante deve ser aproveitada como elemento de auxílio, no entanto compete a cada individualidade o esforço iluminativo.
Se Jesus é a força viva, que entrando em nosso íntimo determina sua constante transformação, o sentido espiritual presente em cada ensinamento exige de cada um a melhoria de si mesmo. Razão pela qual é comum, à partir dessa mudança, a pessoa dizer: “Eu achava que entendia o evangelho, mas agora vejo que não o conhecia”.
Renovar é aprender e viver o que se aprende
“Vós, porém, não estais na carne, mas no espírito, se é que o espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o espírito de Cristo, esse tal não é dele.” Romanos 8:9
A mensagem superior é direcionada especialmente aos corações com alguma perspectiva de mudança e sua finalidade não é outra, senão a iluminação e aprimoramento das características morais. Chega para mudar o mundo, mas o mundo íntimo, porque o mundo externo nada mais é do que o reflexo desse.
E se chega para ser trabalhada internamente, chega para nos renovar. Concorda? Não deve ser outro o propósito. O que estamos fazendo, iniciando um estudo sistematizado e sequenciado, senão tentando recolher, cada qual a seu modo, informações seguras que nos favoreçam a implantação de novos valores? Estamos buscando nos renovar no que somos para que possamos ser o que devemos, de acordo com os desígnios do Criador.
Porque uma coisa é o que a gente é e outra coisa é o que a gente precisa ser.
E para que a renovação se dê, nós não podemos ficar em cima de nossos valores relativos achando que eles são finalísticos, porque não são. Aliás, esse procedimento tem amarrado nosso crescimento. O mundo tem milhões de criaturas informadas, que aprenderam e continuam aprendendo, mas que estão brincando de renovação.
Repare no seguinte: para quem quer perder peso basta fazer alguma atividade física com regularidade? Não. Isso é fundamental, mas insuficiente. É preciso também um processo de reeducação alimentar.
O conhecimento espiritual não é diferente de qualquer atividade que se aprende. Não foge à regra, uma vez que qualquer curso tem a finalidade de tornar o aluno habilitado a atuar no campo em que estudou.
Como o curso de medicina forma o médico e o torna habilitado a tratar de enfermidades, que o curso de cabeleireiro torna a pessoa apta a realizar cortes de cabelo e uma série de procedimentos na área, o conhecimento espiritual tem função específica: tornar o indivíduo uma pessoa melhor e mais equilibrada. Ele tem que apurar os sentimentos e melhorar o caráter.
Como a ginástica aprimora o físico e fortalece os músculos, tornando a pessoa mais resistente, saudável e pronta para desempenhar melhor suas atividades, o aprendiz do evangelho é convocado a equilibrar o seu pensamento e agir de forma mais harmônica em qualquer ambiente e sob qualquer situação em que se encontre.
O seu conhecimento tem que mover a criatura à ação e melhorar sua personalidade, por meio de melhorias no espírito. Se isso não acontecer, ele não tem fundamento.
Qual a vantagem em alguém aceitar o evangelho se continua sendo o mesmo que era antes dele? Se a transformação da inteligência não aperfeiçoa o seu coração, se os princípios que abraça não o fazem melhor à frente dos irmãos de humanidade, para que serve o conhecimento? Adianta progredir nos estudos e não operar a mudança necessária?
Você já se perguntou o que tem feito do que tem aprendido? Questionamentos desse tipo vez por outra precisam ser feitos. Uma pessoa pode nutrir convicções sinceras em matéria de fé, mas se essas convicções não servirem para a sua renovação no bem, para que servem?
Ela pode falar em bondade o tempo todo, mas se não for boa para os outros isso vai ser inútil à sua felicidade. Precisamos entender que quem aceita o Cristo tem que mudar o seu comportamento para melhor.
A colimação do evangelho é sua vivência no mundo íntimo. Essa é a base, razão pela qual quem o estuda não é melhor do que ninguém, mas tem a obrigação de ser melhor do que é.
O Apocalipse diz assim: “E depois daqueles três dias e meio o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles.” (Apocalipse 11:11) O que significa o “espírito de vida, vindo de Deus” entrar em alguém? Significa entrar na intimidade, entrar em cima das concepções que a criatura possui. Por isso, é importante recebermos de forma consciente e inteligente esse influxo para que nos inteiremos do caminho que temos a seguir.
E por entrada do “espírito de vida” o que entendemos? Que ele revigora. Tanto revigora que ele entra para dar vida, entra para estimular a criatura à ação, porque não existe renovação sem aplicação. Ninguém se renova sem operar com os valores novos que assimilou. Não existe renovação quando o indivíduo aprende o novo, mas continua agindo segundo os mesmos padrões antigos, como não existe renovação investindo unicamente no aspecto teórico do conhecimento.
À partir dessa vivência, é possível observar que o que se iniciou como uma proposta religiosa, e não operante, passar a ser uma sistemática espiritual e operante. E quando o aprendiz, de forma sincera, procura estudar, começa a sentir-se renovado na sua conduta. A renovação surge como uma consequência natural daquele que penetra na essência que o conteúdo apresenta.