O êxito de João

A literatura apocalíptica
Aproximadamente quatrocentos anos antes da vinda de Jesus ao planeta, uma escola de educadores religiosos vigorou na Palestina, por meio da qual houve a disseminação de um tipo de literatura chamada apocalíptica. O apocalipse, então, era um estilo literário da época e eram vários os apocalipses. A espiritualidade superior coordenou para nós o do evangelista João como sendo não apenas a expressão da verdade, mas também a mais fiel, o qual, por sinal, constitui o último livro da Bíblia.
Esses educadores desenvolveram um sistema de crença segundo a qual os sofrimentos e a humilhação dos judeus aconteciam por estarem eles arcando com as consequências dos pecados da nação, que acabaram resultando no cativeiro. Essa literatura se baseava naquela ideia de que primeiro vem o sofrimento e depois a libertação.
Ensinavam de forma persistente que era necessário manter a coragem, que os dias de aflição estavam por acabar, que a lição do povo escolhido estava prestes a terminar e a paciência de Deus com os estrangeiros estava se exaurindo. Para os judeus daquela época, o reino deste mundo estava próximo de se tornar o reino de Deus e o fim do domínio romano para eles era o sinônimo, de uma certa forma, do fim do mundo.
A espera do Messias
Pare eles, o significado da expressão “reino do céu”, presente tanto nos ensinamentos de João Batista quanto nos de Jesus, era um só: um estado de absoluta perfeição no qual Deus governaria todas as nações da Terra exatamente da forma como governava o céu.
Consideravam que Deus poderia estabelecer esse novo reino mediante uma intervenção divina direta, no entanto a grande maioria acreditava mesmo é que Ele iria interpor um representante intermediário: o Messias. Esse para eles era o único significado possível para o termo messias. Para as mentes daquela geração, não havia outro.
E o messias não poderia ser alguém que simplesmente ensinasse a vontade divina ou proclamasse a necessidade do viver reto. Isso era inaceitável. A todas essas pessoas sagradas os judeus davam o título de profetas, e o messias era muito maior. Tinha que ser bem mais que um profeta, afinal ele viria para estabelecer o novo reinado, o reino de Deus na Terra. E qualquer um que falhasse nesse propósito não poderia sê-lo.
A necessidade de disciplina
Todos concordavam que a instauração desse reino não se daria de forma gratuita, sem fazer nada, apenas esperando acontecer de braços cruzados. Não. Alguma purgação drástica ou disciplina de purificação seria necessária para que ele se estabelecesse.
Conforme os apocalípticos ensinavam, seria preciso uma grande guerra que destruiria todos aqueles que não acreditavam e levaria os fiéis a uma vitória universal e eterna. O reino seria inaugurado com o grande julgamento de Deus, que iria relegar os injustos à merecida punição de destruição final e elevar os crentes do povo escolhido aos assentos elevados de honra e autoridade. A partir daí, o messias governaria sobre as nações redimidas. Também acreditavam que gentios devotos poderiam ser admitidos nesse reino.
O êxito de João
E nos dias de João Batista, os judeus perguntavam-se com grande expectativa sobre quando viria esse reino. Havia um sentimento geral entre eles de que o fim do domínio das nações estrangeiras estava próximo e não iria demorar. E presente não só a esperança, mas a expectativa de que isso ocorreria no período de vida daquela geração.
Para todos que ouviam João Batista, estava claro que ele era mais do que um pregador. A grande maioria que escutava aquele homem estranho vindo do deserto da Judéia partia acreditando ter ouvido a voz de um profeta. Não era de se espantar que as almas daqueles judeus cansados, mas esperançosos, ficassem extasiadas com a sua chegada.
Em momento algum da história os filhos de Abraão haviam desejado tanto o consolo e a instauração do reino como naquela ocasião. Nunca, a mensagem de João poderia ter exercido um apelo tão profundo e comovedor como naquela época em que ele apareceu, de forma misteriosa, na margem do Jordão, convocando a preparação para a mudança.
Assim, no apogeu de suas pregações, a Palestina estava inflamada pela esperança de sua mensagem de que o reino de Deus estava chegando, estava ao alcance das mãos.
O batismo
Os judeus empenhavam-se em um exame sério e solene de consciência. Nutriam um forte sentido de solidariedade racial, e em razão disso muitos foram batizados por ele pelo bem de todos. Não apenas acreditavam que os pecados de um pai poderiam afligir os seus filhos, como também acreditavam que o pecado de apenas um indivíduo poderia amaldiçoar a nação inteira. Por isso, nem todos que se submetiam ao batismo consideravam-se culpados dos pecados denunciados por João, mas não queriam correr o risco.
Sentiam-se uma nação culpada e amaldiçoada pelo pecado e apresentavam-se para o batismo no intuito de que assim fazendo pudessem manifestar os frutos de penitência da raça. Temiam que algum pecado de ignorância da parte de alguém pudesse retardar a vinda do tão esperado Messias. Quanto a Jesus, não é preciso dizer que Ele não recebeu o batismo como ritual de arrependimento ou de remissão dos pecados.
Começando