Seja feliz hoje – Parte 11

Compatibilidade entre saber e fazer I

A teoria e o grito de aplicação

Lá atrás, quando do nosso despertar interior para uma realização consciente, e objetivando uma harmonia consciencial, identificamos nossa relação de filhos com o Criador e pensamos em cooperar de alguma forma com os semelhantes. Projetamos o nosso plano intelectivo e tentamos evoluir apenas com o uso da informação. E custamos a entender que somente a ingestão das leis que regem o universo não nos atendem.

Não basta apenas a verdade assimilada ou embutida, como não adianta ficar mergulhado no campo filosófico, envolto em uma linha exclusivamente intelectiva ou perceptiva. Não vale mais uma projeção infinita de conhecimentos sem uma estrutura vivencial.

Aliás, na medida em que assimilamos conhecimentos o grito íntimo que surge é o de aplicabilidade desses padrões. Porque eles precisam do processo dinamizador no campo operacional, uma vez que somente com essa vivência é que encontramos o equilíbrio.

O desafio e as oportunidades que surgem

Ao passo em que vamos encontrando o grau informativo necessário, passamos a compreender que a mensagem arregimentada em nosso espírito instaura um desafio a mais, que é o de implementar esses caracteres no coração pela prática do que se aprende.

Então, sempre que recebemos um padrão informativo novo podemos estar certos de que vão se abrir para nós possibilidades de aplicação para que solidifiquemos o conteúdo.

Agora, é óbvio que nunca vamos agir cem por cento dentro daquilo que a gente sabe. Mas é a relação do que sabemos com o que vivemos que nos garante estabilidade interior, pois o conhecimento só é capaz de gerar felicidade quando está em consonância com a sua aplicação. A harmonia está na dependência de um vértice cujo ângulo representa a informação e a consequente operação na base desse conhecimento.

Hipertrofia e desajustes

O primeiro fator, sem dúvida, é conhecer. Todavia, se o conhecimento não encontra correspondência no campo operacional o que acontece? Hipertrofiamos a mente de valores informativos e criamos um estado de absoluta inoperância dentro de nós, coisa que é muito comum na vida prática. Como diz Paulo: “A ciência incha e o amor edifica”.

No campo da assimilação, costumamos não aplicar as parcelas recebidas, ficamos hipertrofiados em valores intelectivos e acentuadamente atrasados na capacidade de operar.

E nós temos aprendido que a felicidade depende de aplicarmos com tranquilidade e segurança o que sabemos. Só que não aplicamos. Somamos muito no conhecimento e aplicamos pouco. Daí, a nossa intimidade psíquica grita, porque passa a inexistir uma harmonia entre o fluxo informativo e o plano de ação na vida prática. E quanto mais conhecemos intelectivamente mais responsabilidades e conflitos sentimos, se não fazemos esse conhecimento estar acompanhado do exercício nosso de mudança.

Para se ter ideia, se eu começar a estudar, e só estudar, daí a pouco mistura tudo na minha cabeça e eu entro em desajuste. Porque o processo assimilativo começa a se fechar. Ao estudar ele se abre para receber, mas se eu fico só no plano teórico vai fechando.

Os maiores dramas dos corações não residem no desconhecimento da lei. Você sabia disso? Quem desconhece a lei, o que ele faz, ainda que não seja conforme a realidade maior, não produz marcas profundas no seu psiquismo. Porque ele age de maneira desinformada.

A questão transforma-se em sofrimento quando entramos numa luta entre o que sabemos e o que fazemos. De forma que se a aplicabilidade dos conhecimentos não é acertada e levada a efeito, o próprio conhecimento recebido age de maneira coercitiva, levando-nos ao descontrole e ao desconforto. Porque a consciência visualiza uma linha previamente aprovada, e o plano operacional por sua vez não se faz compatível.

De vez em quando nós observamos pessoas com essa dificuldade. Embora uma soma de informações, elas passam a sensação de que não estão caminhando, estão paradas no tempo.

Eu saí de uma reunião que abordou o perdão. Foi interessante, assimilei muita coisa e pronto. Mas uma pequena contrariedade me fez “soltar os cachorros”. No dia seguinte, outra chateação e soltei de novo. No outro, mais uma vez. Daí a pouco, vira uma mistura de confusões e a minha linha íntima de harmonia começa a ceder lugar ao desequilíbrio, porque não estou sabendo vivenciar o que estou aprendendo.

E por muito receber, começa a surgir o desconforto, a complicação, o cansaço e o desânimo. Fico ansioso e caio num estado de tristeza, inquietação e ansiedade, exatamente por não estar sabendo encontrar um denominador adequado dentro de mim.

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