Contente-se com o que tem
Contente-se com o que tem
“11Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. 12Sei estar abatido, e sei também ter abundância: em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.” Filipenses 4:11-12
Estamos vivendo, cada um com a sua dificuldade, o seu sofrimento, as suas lágrimas e a sua alegria, mas não tem jeito, é a vida que nós temos. Buscamos felicidade e favorecimento, quando na realidade temos que aprender a conviver com o mínimo e com aquilo que nos é disponibilizado. Parece até um discurso masoquista, de cultuar o sofrimento, mas não tem nada disso. O imperioso é estarmos coerentes e ajustados com o que o mecanismo da vida está nos oferecendo na atualidade.
A felicidade pressupõe uma capacidade de sabermos adequar e administrar nossos recursos. Afinal, ela não depende do que nos falta, e sim do bom uso do que dispomos.
Indagação
De repente, alguém faz a seguinte colocação: “Espera aí, Marco Antônio. Você está dizendo que a gente precisa contentar-se com o que tem, mas lá atrás você disse que a vida é para os inconformados e que a inconformação é que projeta o ser. E aí, como você explica isso?”
Bem, vamos lá. Você está lembrado daquela passagem do evangelho em que João Batista, interrogado por soldados, responde: “A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo?” (Lucas 3:14) Não quer dizer que a criatura não tenha o direito de ter e buscar alguma coisa que não tem. João não quis dizer que o soldado não possa almejar ser um general. Nada disso. Isso é válido e ele pode fazer. O que quis mostrar é a necessidade de nos ajustarmos ao campo da justiça para podermos usufruir de direitos que a vida oferece. No caso específico, definiu que no momento operacional do soldado ele tinha que se contentar com o quê? Com o seu soldo. De forma que vamos cultivar sonhos e propostas, mas nos contentar com o que temos.
O exemplo de Paulo e a imperiosidade
Se, por um lado, nos lembramos de Paulo na colocação da aceitação plena (“já aprendi a contentar-me com o que tenho” Filipenses 4:11), por outro não podemos nos esquecer do desafio da evolução. Afinal, simultaneamente ao contentamento do que se tem vigora um imperativo da evolução, uma força de oposição para gerar o crescimento.
Daí, a lição que tem que ficar para nós não é a do contentamento na acepção clássica que conhecemos. Contentar é estar satisfeito com o o que se tem, só que não significa que temos que ficar enquadrados na acomodação, fazendo a mesma coisa de sempre, sem o cultivo de sonhos, estagnados numa posição sem qualquer meta de projeção. Não é por aí.
Já que falamos no apóstolo Paulo, quem conhece a sua história sabe que ele era exatamente o contrário da acomodação. Sem se deter nos obstáculos, enfrentou barreiras e venceu muitas dificuldades. Viajou demais e caminhou sem cansaço por estradas incontáveis, mostrando para nós exatamente que não estava satisfeito com o que tinha feito.
Ao mesmo tempo em que vivia satisfeito com o que tinha, e contente com o que a providência superior lhe apresentava, sentia uma necessidade de fazer mais. Nutria uma grande pretensão, no sentido de ir, fazer, ensinar e instituir novas igrejas, resultado da condição de não estar acomodado com o seu projeto. Tinha um desejo e um entusiasmo forte, a ponto de sensibilizar Lucas para fazer o que ele gostaria que fizesse.
Percebeu onde queremos chegar? Normalmente, as pessoas sábias não se rejubilam apenas por aquilo que conquistaram. Rejubilam pelas oportunidades que se abrem a cada minuto, porque é a dinâmica do crescimento que realmente as vai alegrando.
Sem precipitações
Vamos buscar melhorar a vida que estamos vivendo, definindo objetivos para crescer. Manter sonhos e aspirações, todavia nos contentando com o que temos no momento.
E evitarmos precipitação e incoerência, porque tudo tem o seu tempo. Essa coisa de achar que temos que sair feito doido correndo para cima das realizações é uma ideia distorcida. Especialmente em se tratando de valores espirituais, uma vez que acelerando os fatos entramos em complicações e podemos até fazer coisas sem a devida maturidade.
Mas fique tranquilo(a). Com atitude acertada chegamos lá, e evitamos atropelos na jornada.