Seja feliz hoje – Parte 3

Aprenda a administrar a situação I

Não vamos tirar todos os problemas e resolver todos os obstáculos

As almas imaculadas ainda não povoam a Terra. E no planeta em que vivemos, cada berço constitui o início de uma viagem laboriosa para o espírito necessitado de experiência.

Não é intenção abordar o assunto felicidade de forma negativa, mas sejamos sinceros: o próprio Jesus a ninguém prometeu avenidas intérminas de sonho. Nenhum ser humano marchará na experiência física, o tempo todo, debaixo de um céu sem nuvens, como não viverá sem tempestades e nevoeiros, sem provas ásperas ou o assédio das tentações.

Caminheiros na estrada evolutiva, somos espíritos encarnados submetidos a provas que devemos vencer. Em nosso aprendizado atravessamos dias de inverno ríspido. E embora buscando o bem, jornadearemos entre pedras, abismos, pantanais e espinheiros.

Nós temos como norma enfatizar o lado negativo das adversidades e consideramos os problemas que nos chegam como choques da nossa tranquilidade e paz. Aliás, achamos que tudo que é obstáculo na vida tem que ser retirado. Trazemos essa preocupação de querer resolver, e o tempo nos mostra que realmente não podemos perder esse estímulo. Essa vontade tem que estar presente a cada momento.

Mantemos essa ótica por um bom período, até que alcançamos uma visão mais abrangente. Qual visão? A de que não dá para tirar todos os problemas e resolver todos os obstáculos.

Analisando o assunto a fundo, a questão nem sempre é resolver. Tem muito problema se realizando hoje que não tem necessariamente que ser eliminado fisicamente.

Precisamos dessa noção para acabar com a ansiedade e a inquietação que nos aflige, de modo a tentar gerenciar a harmonia em meio aos múltiplos desafios que nos envolvem.

Estamos custando a aprender que o painel de problemas que nos visitam não vão desaparecer. Não adianta, porque não vão. Dificuldade é instrumento valioso de aperfeiçoamento. Como evoluir sem ela? Um dos pontos essenciais da vida é saber lidar com os problemas, porque somente eles nos projetam. As conturbações fazem parte do crescimento.

O desfio é administrar

O momento que estamos vivendo nem sempre é de tirar problemas. Apenas tirar problemas hoje, às vezes, nós até podemos nos damos mal. Parece uma ideia complicada, mas vamos notar que na hora em que vencemos algo, outros desafios surgem. Na vida é assim: resolvem-se os problemas, ficam as lutas.

Pode inclusive acontecer de ficarmos tentando resolver um problema durante longo tempo, e de repente sabe o que acontece? Desencarnamos, reencarnamos e voltamos com ele de novo.

A questão não é só buscar ficar livre. O desafio não é tão somente tirar a dificuldade. Enquanto estivermos lutando contra a dificuldade nós vamos ficar frustrados. O lance é saber ter força e condições para administrar os componentes que nos circundam, sejam eles favoráveis ou difíceis. Saber administrar as situações e a  própria vida.

Estamos vivendo um curso amplo nesse sentido. Adianta querer brigar com o mundo, brigar com a quantidade de compromissos, de telefonemas e solicitações à nossa volta? Necessário é readequarmos nossa postura pessoal no planeta em transição, e saber lidar com muitos fatores ao mesmo tempo. Esse é o desafio.

Mais do que aprender a sair de um problema, nós temos que aprender a conviver com os problemas e as situações que chegam. Com calma e paciência. Afinal, viver é lutar.

Para realizarmos nossos propósitos é preciso uma capacidade administrativa abrangente. Embora constantemente visitados por obstáculos, sacrifícios e tribulações, precisamos gerir o grau amplo de todas as circunstâncias que vão nos tocando a cada momento. Este aprendizado é algo que dá certo. Sem dúvida, é a base da conquista.

Vamos lembrar que o homem sumamente endividado pelas ações pretéritas, como espíritos eternos que somos, precisa aceitar restrições no seu conforto a fim de sanar os seus débitos com as suas próprias economias. O que não vale é perder a tranquilidade.

Tem pessoas que colocam empecilhos pequenos como tremendos obstáculos. O ônibus atrasou, ele perde a tranquilidade; alguém esbarrou nele na via pública, ele se irrita; a chave deu defeito na porta, o aborrecimento desponta; o almoço atrasou, o nervosismo extravasa.

Daqui para a frente, quem quiser crescer vai ter que enfrentar muita coisa em pouco tempo. Ao iniciarmos um processo de autotransformação, é claro que vamos encontrar dificuldades. E elas serão maiores se, na realização de algumas tarefas e diante de desafios, a gente amolecer, desanimar e não procurar a devida adaptação.

Pense comigo: se cada vez que surgir uma contrariedade você tiver que mudar de ambiente, mudar de atividade, se fechar no seu mundo íntimo, como ser feliz?

Não está conseguindo tranquilidade? Reveja certos conceitos, avalie algumas questões e sai dessa. Como você vai conseguir trabalhar em meio a tanto afluxo se não tiver serenidade? É preciso, pelo conhecimento vasto que te visita o entendimento, ter condições de manter o equilíbrio e não deixar a peteca cair, como se diz na gíria. Do contrário, você coloca um sobrepeso na sua estrutura que vai ter que ser retirado com medicamento.

Eu não estou dizendo que este é o seu caso, mas pense nisso. Avalie como anda a sua consciência, especialmente no que se refere à administração das situações. Estamos numa fase da evolução em que isso é exigência para a nossa estabilidade.

O lance é assumir as dificuldades que surgirem e administrar sem atribulação e apavoramento. Porque todas essas manifestações, a princípio tidas como negativas, são estágios ou períodos na nossa vida. Tudo tem uma hora certa para acontecer e os problemas se diluem por si mesmos. Notou? Por si mesmos. Tudo se desenvolve dentro de um plano natural. Basta ter paciência, fazer o que é preciso e deixar o resto nas mãos de Deus.

Incapacidade administrativa

A luta diária nos envolve e exige de tal maneira que às vezes não temos tempo sequer de trocar uma ideia com quem gostamos. Achamos difícil levar certas situações, no entanto muitas depressões, desajustes, irritação, impaciência e entristecimento existem não pelo acréscimo de peso nas nossas costas. Também não é porque estamos atravancados pelos mecanismos sociais. É porque estamos ainda pouco treinados no exercício de administração dos acontecimentos.

Eu não sei se você já observou, mas se antes um determinado problema de ordem mental e espiritual apresentava ressonância nítida na reencarnação seguinte, na atualidade é nesta própria que os fatos estão emergindo, em decorrência da dificuldade de ajustes da vida intrínseca. Daí, é medida de inteligência andarmos bem com nossa intimidade.

É possível que quase todos nós, senão todos, tenhamos sido visitados por momentos depressivos. Muitos acham que um estado de depressão, de fobia ou qualquer outro dessa ordem são decorrentes de coisas de reencarnação passada. Vez por outra nos deparamos com pessoas assim: “Ah, o meu passado. Não sei o que eu fiz lá trás que eu vim desse jeito!” Alimentam esse pensamento e criam conflitos na intimidade.

Não há dúvida que temos no plano de escolha muitas amarras com a nossa vida passada. No entanto, não podemos achar que todos os infortúnios da marcha de hoje estão debitados a compromissos do ontem. Não é propriamente o passado que determina uma psicopatia com tanta objetividade. Em muitos casos é o conflito da atualidade. Muitos de nossos sofrimentos e dificuldades são decorrentes da falta de capacidade administrativa do hoje. E se não acertarmos o ponto passamos a viver em constante sufoco, como tem muita gente inquieta por aí. Não tem? Vivendo desesperada.

Aquela colocação de que Deus não coloca fardo acima de nossas possibilidades é uma realidade. E quando entramos em pânico e ameaçamos chutar o balde, usando a expressão rotineira do mundo, a situação não está boa. Não vamos nos criticar e tampouco ficar entristecidos. Vamos fazer um trabalho de nos reorganizar e tentar melhorar a barra.

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