Seja feliz hoje – Parte 5

Não hipervalorize o seu problema

Ansiedade, apreensão e sofrimento

Verdade seja dita, muitos dos nossos sofrimentos emergem do conflito íntimo, não da luta exterior. Geralmente sentimos conforme nossas inclinações, não segundo a realidade objetiva dos fatos. Quer dizer, costumamos sentir mediante a forma como entendemos. Os danos provocados pelas conjunturas pelas quais passamos, das mais simples às mais graves, decorrem menos dessas conjunturas do que pelo modo como as recebemos.

Os valores e circunstâncias que nos chegam, por mais complexos que sejam, na essencialidade são positivos. Nós é que lhes damos uma conotação diferente. Assim, se ficarmos presos demais a determinados aspectos podemos inclusive distorcer a característica benéfica e extraordinária de valores e recursos que estão aí para nos auxiliar.

Quantas vezes sofremos por coisas que achamos que podem acontecer e, às vezes, nunca acontecerão? Você concorda? Criamos muito disso na mente. Aliás, nós sofremos mais pelas coisas que nem vão acontecer do que propriamente por aquelas que acontecem.

Por exemplo, tem um acontecimento a ser vivenciado na semana que vem, e nós já o estamos sofrendo a dois ou três meses antes. Quando chega no dia, não acontece nada. O assunto é tão complexo que muitos espíritos, encarnados e desencarnados, mantém-se no apego desvairado a coisas e situações que já passaram e não justificam mais.

Melindres

E eu nem estou mencionando os melindres e casos de sensibilidade aflorada. Tem criaturas que vão ao extremo em tudo. Não tem? A cabeça delas aumenta tudo. Você conhece pessoas assim? Se não conseguirem o que desejam, nossa, a vida para elas acaba.

O objetivo não é criticar, mas todo extremista é complicado. Acontece demais de alguém ficar analisando a sua contingência de vida e, de repente, começar a somar certos acontecimentos do dia a dia que justificam o seu estado de alma menos feliz. Surge um fato desagradável qualquer, e o que acontece? Esse fato deveria ter sido visto como algo isolado, provisório, mas não. A pessoa lhe dá dimensões muito maiores e transforma esse componente isolado em algo ampliado. Começa, inclusive, a fazer avaliações em cima de um contexto relativo e acaba jogando o absoluto dentro do relativo.

Tem gente que recebe um telefonema ou escuta uma frase e isso lhe chateia a semana inteira. Vive um problema hoje e vai reclamar dele daqui a seis meses, como um saudosista: “Até hoje eu tenho as marcas daquele acontecimento”. Outra pessoa pode ter passado pelo mesmo problema, no mesmo dia e mesmo horário, de noite fez uma prece, tomou alguma providência e pronto. Problema resolvido. Mas ele não, continua queixando.

Hipervalorizamos as dificuldades

Eu não sei se você já parou pra pensar na questão que nós não sofremos tanto pelos fatos que acontecem, mas pela avaliação que fazemos desses mesmos fatos. Ou seja, os problemas muitas vezes não são os fatos, são as nossas opiniões acerca deles.

Geralmente, o sofrimento não está tanto no campo concreto do acontecimento, está na faixa vibracional que nós implementamos. Não é o acontecimento em si que pesa, é a dimensão que nós damos ao processo ou ao agente a que estamos vinculados. Sofremos muito mais pelo que a mente sugere do que pelo que o evento apresenta.

Vamos imaginar que um parente ou amigo seu chegue perto de você e diga: “Puxa vida, perdi meu emprego hoje. Fui demitido. Você não imagina, estou arrasado!” Bem, vamos lá. Perder o emprego e ser demitido não é nada bom. Na quase totalidade das situações é um acontecimento desagradável. Mas cá pra nós, se é um fato que ele perdeu o emprego, é apenas a opinião dele que ele está arrasado. Percebeu onde eu quero chegar?

Não existe peso superior às nossas forças. O que existe muitas vezes são planos que eu adoto, você adota e qualquer um de nós adota, que é hipervalorizar os problemas e as dificuldades com os nossos padrões emocionais.

Quando estamos progredindo

Do lado inverso, tem a turma do “esquece isso”, “deixa pra lá”, “desconsidera a situação”. Porém, a questão não é valorizar demais e nem esquecer. Tanto a nossa elevada estimação dos acontecimentos, quanto a nossa indiferença aos fatos, tem nos feito sofrer.

Quem somos nós para julgar as avaliações e decisões dos outros? Isso é algo que fica a critério de cada um. Cada pessoa tem o seu problema e o problema é individual. Agora, deixar um problema, seja ele qual for, ocupar toda a nossa estrutura está errado.

Então, o necessário é desativar o grito de contrariedade que o fato promove em nós e dar-lhe o dimensionamento adequado com naturalidade. Filtrar o que é bom e optar pelo melhor, a fim de que os impactos que a vida propõe possam ir sendo reduzidos e que possamos encontrar maiores expressões de felicidade, harmonia e paz.

O evangelho, no capítulo 10 de Mateus, diz assim: “Basta a cada dia o seu mal”. Não vamos acrescentar mais nada além, tampouco entrar nessa de ficar pensando em coisas que às vezes nunca vão acontecer. Nada de precipitar e querer resolver de um dia para o outro. Com paciência, segurança e providências é possível observar que a situação vai clareando. A ansiedade nossa é difícil de vencer, mas nós temos que aprender.

Os acontecimentos não nos pertencem, mas a maneira de suportá-los depende de nós, do nosso estado interior, de um grau maior ou menor de resistência moral. Lembre-se também que a alegria passa por cima de qualquer situação e o bom humor nos ensina a não darmos aos acontecimentos infelizes mais importância do que eles tenham.

Na hora em que começarmos a viver cada dia no seu respectivo dia, que solucionarmos um problema que nos incomodou e daqui a uma hora nos esquecemos dele, já estamos evoluindo. Quando começarmos a não ter tempo para ficar valorizando aquilo, é sinal que nós estamos começando uma outra cartilha e entrando em nova posição.

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